segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Eleições

Voltei a Santiago e ao blog também.

Como não poderia deixar de ser, o tema deste post será as eleições presidenciais e legislativas que ocorreram ontem (primeiro turno).

Para não correr o risco de “chover no molhado” vou poupá-los de passar as informações que todos podem ver no UOL e similares, até porque isso seria muito chato. O post é sim para tratar de curiosidades sobre as eleições então vamos a elas.

O primeiro tópico – eu achei demais – é que as zonas eleitorais aqui são divididas por sexo. Aqui ao lado de casa, por exemplo, tem um colégio onde votam mulheres e só mulheres. O Carlos, por sua vez, tem que ir votar em outra parte, distante umas dez quadras daqui, porque lá é lugar de homem.

A desculpa oficial para esse clube da luluzinha/bolinha eleitoral é que, no passado, só homens votavam. Assim, quando foi aprovado o voto feminino, para não sobrelotar as zonas eleitorais existentes, foram abertas novas zonas para as mulheres.

Acho uma desculpa muito furada! Em todos os lugares do mundo (ou quase todos) o direito a voto das mulheres sempre foi concedido num segundo momento da história e nem por isso as zonas eleitorais são divididas por sexo, salvo talvez no Afeganistão e Arábia Saudita, sei lá (nem sei, posso estar levantando falso).

Outra coisa estranha é a forma de apuração. Em vez de pegar a urna e levar para algum lugar, assim que termina o horário de votação, eles simplesmente abrem a urna ali mesmo e contam na hora.

Por causa disso as ruas em volta das zonas eleitorais ficam fechadas até o fim da apuração local.

Essa prática deve ser boa para direcionar a campanha, já que fica fácil saber como as mulheres de Providência votam, se elas preferem candidatos bonitões ou com fama de bons moços e assim por diante.

Outra coisa que chama a atenção é que pelo menos a metade dos amigos do Carlos simplesmente não vota. Aliás, segundo o Carlos, só tem velho votando.

O pior é que você conversa com as pessoas e elas dizem: “ah, seu fosse votar votava no fulano”. Então por que diabos não vota!

Seria diferente se os caras dissessem: “ah, para mim tanto faz, político é tudo igual, tô cagando!”

Nesse caso eu pensaria: ok, o cara não dá a mínina e por isso não vota. Está certo. Mas se você se dá ao trabalho de pensar e achar que tem um cara que é melhor que o outro por que então não vota, oras!

Observando, cheguei à conclusão que é para poder reclamar sem ter que assumir um compromisso e, se depois o cara der uma mancada, tipo declarar guerra ao Peru, ou roubar muito milhões de pesos, ou mandar matar o amante da mulher, a pessoa sempre pode dizer: bem, eu não votei nele (quem quer que ele seja). É cômodo e meio besta.

Antes eu até tinha dúvidas sobre o voto obrigatório, mas agora não tenho mais.

Agora é esperar o segundo turno e ver o que vai rolar. Para variar, ficou um cara de direita: Piñera; e um cara da concertación: Frei.

O divertido é que esse Piñera está querendo dar uma nova “cara” à direita chilena.

Vejam bem, ser de direita aqui significa ser enfaticamente contra leis “super atuais” locais como, por exemplo, o divórcio e a equiparação de direitos entre os filhos nascidos fora do casamento e filhos legítimos sob o argumento de que esse será o fim da sociedade civilizada. Sim, porque com o divórcio em voga e com a garantia de direitos para os filhos bastardos, quem agora vai querer casar e se unir perante os sagrados laços do matrimônio?

Parece exagero, mas o que tem de carta nos jornais de gente reclamando nesses termos é de morrer de rir de desgosto.

Isso para não falar no canal de TV católico que simplesmente se recusa!!! a passar propagandas governamentais que fazem campanha para o uso de camisinha!!!!

Daí vem esse Piñera e coloca na campanha um casal gay. Uma coisa tipo: a gente é reaça, mas gosta de gay. Ok, só que isso deixou tradicionais apoiadores da direita de cabelo em pé.

Teve um padre que escreveu esbravejando para o jornal dizendo que uma coisa é ser tolerante, mas outra é estimular a união civil entre pessoas do mesmo sexo, coisa que, segundo palavras dele, “nem no direito romano era aceito”.

Ahn.... desculpa, por romanos você quer dizer aqueles caras que jogavam cristãos aos leões? Então tá.

Agora é ver o que vai dar no segundo turno. A verdade é que ninguém agüenta mais a concertación que há vinte anos está no poder, mas também não vejo esse Piñera como um cara super pop.

Por fim, a coisa mais fantástica que eu descobri é que o George Contanza foi reeleito deputado por Santiago. Vejam:


Fala sério, põe um óculos no cara e veja o que acontece!

Imagina a cena, você está andando pela rua e dá de cara com uma propaganda política do George Contanza pregada numa árvore!

O Seinfeld virou abelha, a Eleine virou Christine e o George virou deputado - e foi reeleito!

Devo dizer que embora eu tenha descoberto isso sozinha, acabei sabendo que os caras do “The Clinic” – uma revista legal daqui – já tinham chegado à mesma conclusão.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fernanda Young, hello!!!

Um dos 1o patéticos motivos divulgados por Fernanda Young para justificar sua aparição na Playboy era algo como "salvar o erotismo da breguice, vulgaridade", ou coisa que o valha.

Aí a pessoa - que se acha a salvação do erotismo - vai no show da Dita Von Teese com um pinto pindurado no pescoço!



Vejam bem, eu não tenho nada contra pintos, muito pelo contrário, mas para quem quer salvar o erotismo da breguice/vulgaridade/etc. podia ter escolhido um símbolo, vamos dizer assim, menos caderno da sexta série.

Em suma, a mulher quer ser a Dita mas tá mais para Unidos do Caralho a Quatro.












sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Romanza

O Romanza foi fechado DE NOVO no fim de semana do GP.

Acabou a concorrência do Photo!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Uma terra sem INBEV (ou ANBEV)

Tá, é claro que o título é um exagero. Aqui no Chile, como em qualquer lugar do mundo, se você for ao supermercado/bar vai encontrar disponíveis toneladas de Brahma, Stella Artois e Budweiser.

No entanto, até o momento, a INBEV não adquiriu nenhuma cervejaria nacional local e, talvez, o Chile não seja um mercado tão interessante a ponto de se fazer um investimento desse porte, afinal o país inteiro tem a população da grande São Paulo e o pessoal não é, nem de longe, tão cervejeiro quanto no Brasil. Verdade, nas festas locais até tem cerveja, mas é uma bebida quase coadjuvante ao lado do pisco-sour, piscola, vodka com tônica e, claro, vinho.

O resultado disso é que, no Chile, qualquer bar tem uma grande variedade de cervejas e chopes de diferentes marcas. Ademais, qualquer lugar que tiver, por exemplo, chope Stella também terá Coca-Cola no cardápio. Isso parece meio óbvio e bastante inútil, mas faz diferença quando a pessoa está de ressaquinha e quer tomar uma Coca (e não Pepsi) antes de voltar a beber.

Ademais, cervejarias artesanais (artesanais numas né, mas tudo bem) ainda existem e persistem e usam água da cordilheira o que não pode ser ruim.

Antes de qualquer coisa, já vou adiantando que não tenho nada contra as cervejas da INBEV (exceto a Bud que eu acho muito ruim e só tomo nos EUA pq é, normalmente, a única bebida que dá para tomar sem encarar uma tremenda ressaca bancária), mas é bom variar e ter opções diferentes nunca foi problema para ninguém.

Também já vou anunciando que não sou gourmet e não entendo picas de cerveja. Há cervejas que eu gosto e cervejas que eu não gosto, simples assim. Dito isso, vamos as brejas.

Bem, a cerveja local mais pop se chama Escudo e é horrível e barata. Na verdade, acho que a cerveja se chama Escudo porque no dia seguinte a pessoa se sente como se tivesse levado vários golpes de machado. Claro que há outras opções.

A mais popular, dentre as cervejarias artesanais chilenas, é a Kunstmann de Valdívia. Das variedades que já tomei, achei quase todas boas, bem saborosas e diferentes entre si. E quando digo diferentes, é diferente mesmo (não como a Original é diferente da Serra Malte, sei lá).

A Kunstmann Lager, por ex., é bem clarinha (ou, mais técnica e espanholamente falando rubio dorado), grau 4, ótima para tomar por horas e horas.

Já a Torobayo Ale é mais amarelona, um pouco mais forte e perfumada. Boa também.

Tem ainda a Gran Torobayo mais escurona e avermelhada (ou ambar rojizo oscuro) mais forte (grau 7,5). Para dizer a verdade, essa eu nunca tomei, mas tem boa fama. Está na minha lista e preciso remediar isso logo.

De fato, das cervejas Torobayo, a única que tomei e não gostei foi a miel. E você deve estar se perguntando: miel? Pois é. Logo que cheguei aqui, fui a um bar e lá pelas tantas, acabou a Torobayo Ale e a Lager. A garçonete então se vira para mim e diz: só tem a miel. Eu podia ter pedido uma Stella, uma Corona, uma Brahma, uma Bud, mas pedi a tal miel.

Na minha cabeça já meio bêbada eu pensei: ah miel? Eu não devo ter entendido direito, eu nunca entendo nada que esse povo fala.

Pouco depois, a garçonete volta trazendo uma garrafinha de cerveja com uma ABELHA GIGANTE desenha no rótolo. Sim, isso mesmo, uma abelha. Duvidam?

Não sei de quem foi essa idéia, mas sei que não deu certo.

Outra cervejaria independente local (para muitos, incluindo o Carlos, melhor até que a Kunstmann) e que faz cervejas bem boas é a Kross. No caso, já provei a Pilsner (amarguinha e amarelona) e, de acordo com o fabricante, feitas com lúpulos checos e a Golden Ale também muito saborosa.

Além de boas, o logotipo da cerveja é um homenzinho, com calças boca-de-sino correndo com um copinho de chope na mão muito bonitinho e que me faz sempre achar que, em algum lugar, deve estar rolando uma cervejada muito louca.

Bem, eu sou o tipo de pessoa que quando provo algo e gosto, acabo me repetindo. Assim, acho que ainda há outras cervejas locais boas que preciso conhecer. Eventualmente, atualizo esse post.

E por fim, preciso fazer uma menção honrosa a Paceña, uma cerveja Boliviana que é, para mim, a cerveja mais leve que já provei na vida, muito boa para o calorão. Viciei completamente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Crise na Receita Federal

Esse é mais um destes posts sem nenhuma relevância, mas eu não aguento mais escutar tanta inutilidade.

Agora criaram uma tal de crise SEM PRECEDENTES na Receita Federal. Como esse tema de certa forma me toca, fico aqui com meus botões arrancando os meus cabelos cada vez que leio qualquer besteira sobre esse tema.

Tinha até pensando em comentar, mas vão dizer que eu sou tendenciosa. Até que hoje sai publicada enrevista com o Everardo Maciel no UOL (que foi o Secretário da Receita Federal durante o governo Fernando Henrique) e que diz o que tem para ser dito.

Como no Brasil o povo lê jornal igual quem houve previsão de astrólogo (só dá bola para o que quer ouvir) não custa reprisar e divulgar.

Fiscalização foi desarticulada com Lina, diz Everardo Maciel

YGOR SALLES
da Folha Online

O ex-secretário da Receita Federal no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, Everardo Maciel, disse nesta quarta-feira em entrevista à Folha Online que a fiscalização dentro do órgão foi "desarticulada" durante a gestão de Lina Maria Vieira, que deixou o cargo no mês passado pouco menos de um ano depois de substituir Jorge Rachid.

Segundo ele, as principais metas de fiscalização e planos de ação fiscal "não existem mais". Maciel ainda desmentiu a tese de que o foco sobre as grandes empresas foi uma marca na gestão de Lina, como defendem os funcionários da Receita que deixaram cargos de confiança. Segundo reportagem da Folha, cerca de 60 pessoas em postos de chefia, distribuídas em 5 das 10 superintendências regionais, avisaram seus superiores que deixarão suas funções.

Mais sete servidores da Receita no RS pediram para deixar cargos, diz Unafisco
Mercadante defende atual secretário e diz que Receita precisa continuar trabalhando
Mantega diz que é "balela" acusação de que Receita não fiscaliza grandes empresas

"Isso é falso. Quem criou a delegacia de fiscalização dos bancos fui eu. O criador do programa de fiscalização de grandes contribuintes fui eu. Então isso não é verdade. Era preciso medir com precisão, e não como foi divulgado com os dados de São Paulo, quantos grandes contribuintes foram fiscalizados no primeiro semestre comparado com semestres anteriores. Aí vamos ter uma surpresa", disse.

Maciel ainda rejeitou a tese de que o cargo de secretário da Receita deveria ter mandatos --como ocorre, por exemplo, com as agências reguladoras.

"É um cargo como o de secretário do Tesouro, como o de presidente do Banco Central, ou de presidente do Banco do Brasil. Se você conferir mandato, começa a distanciar o trabalho destas instituições da política geral de governo", explicou.

Veja os principais trechos da entrevista:

Folha Online - Como você observa esse movimento de cargos na Receita? É normal após mudanças na chefia?

Everardo Maciel - Quando a Lina assumiu, mudou um número enorme de pessoas, e essas pessoas que foram nomeadas por ela em substituição às outras agora pediram para sair, algumas em caráter irrevogável (risos). Essa mudança é normal. Cada pessoa tem um estilo, e essas posições são cargos de confiança por parte de quem nomeia e é exercício voluntariamente por quem exerce.

Folha Online - Pelo que o sr. conhece, haverá mais gente pedindo para sair de cargos de confiança ou os que já saíram são os que Lina mudou antes?

Maciel - Não, a Lina mudou muito mais. Mas acho que não há quem possa fazer essa avaliação. O ato de sair é pessoal. Até porque várias pessoas que foram nomeadas por ela decidiram ficar.

Folha Online - A Lina é uma ruptura de um estilo de fiscalização que vinha desde o senhor e passou pelo Jorge Rachid, mudando o foco para as grandes empresas?

Maciel - Isso é falso. Quem criou a delegacia de fiscalização dos bancos fui eu. O criador do programa de fiscalização de grandes contribuintes fui eu. Então isso não é verdade. Era preciso medir com precisão, e não como foi divulgado com os dados de São Paulo, quantos grandes contribuintes foram fiscalizados no primeiro semestre comparado com semestres anteriores. Aí vamos ter uma surpresa. Então isso vai ser um factóide.

Folha Online - Neste caso, o que mudou de fato na gestão da Lina?

Maciel - O que mudou é que a fiscalização foi desarticulada. Todos os projetos de metas de fiscalização e de planejamentos de ação fiscal não existem mais. A tecnologia está desarticulada. Pela primeira vez em muitos anos, uma declaração de informações teve uma data de entrega adiada. Sabe qual? A dos grandes contribuintes. A data era 30 de junho, agora marcaram para 16 de outubro. Como vai fazer a fiscalização se nem a declaração eles têm?

Folha Online - Quando há essas mudanças de chefia, atrapalha quanto o andamento das fiscalizações?

Maciel - Isso é difícil [de calcular], porque é uma questão profundamente pessoal. Depende da qualidade profissional de quem é substituído e do substituto, o grau de capacidade de trabalho e de liderança de um e de outro. Mas isso ocorre em qualquer instituição.

Folha Online - Na sua opinião, o cargo de secretário da Receita deveria ser blindado de pressões políticas através, por exemplo, de mandatos?

Maciel - Acho que não tem cabimento. É um cargo como o de secretário do Tesouro, como o de presidente do Banco Central, ou de presidente do Banco do Brasil. Se você conferir mandato, começa a distanciar o trabalho destas instituições da política geral de governo.

Folha Online - Então como poderia ser definido um limite do que é diretriz política ou politicagem?

Maciel - Políticas de fiscalização são construídas através de informações vindas do tratamento de dados, cada vez mais isso fica no plano da inteligência fiscal, e não no plano de atos voluntaristas. Eu não conheço nenhum ato que envolvesse proteção ou perseguição a quem quer que seja. Isso é cada vez mais institucionalizado.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Inutilidades

Estava lendo a coluna na Mônica Bergamo de ontem (20/08) e me divertindo com as notícias sobre os banhos de álcool em gel que a Ivete Sangalo tomou para participar do prêmio Multishow.. Até aí, nenhum espanto. Eis que leio a seguinte passagem:

"Marinheira" de primeira viagem, a cantora, que até comprou um aparelho de ultrassom (cerca de R$ 150 mil) para ver o bebê em casa, saiu correndo do palco. "Ivete! Ivete!" É Regina Casé, que tenta alcançar a cantora. "Ivete! Deixa eu aproveitar que eu não vi sua barriga!", diz a atriz, que beija o barrigão da grávida. Ivete sorri, meio sem jeito, e volta a correr para a saída. "Não fala com ela!", avisa um assistente à repórter."

Espanto e admiração absolutos! Está lançada a pergunta que é também um apelo: Regina Casé como você conseguiu produzir esse milagre!? Me conta, me explica que eu também quero!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SPA

Já que estou na boa vida, resolvi aproveitar para entrar em forma, Além de praticar esqui (fina) estou nadando também.

O local onde tenho ido dar braçadas se chama SPA Clube Providencia, uma espécie de clube de bairro onde além de piscina e alguns aparelhos de ginástica há também sauna e hidromassagem.

Apesar de ter aulas de natação e hidroginática, a pessoa também pode optar por chegar a hora que quiser e sair nadando sem medo. As raias ficam divididas em nado cômodo, nado médio e nado rápido e há professores que podem, se você pedir, criar um plano de condicionamento físico. Se o seu estilo é entrar mudo e sair calado, também pode, é só escolher a raia e pronto. Há espaço também para gente que faz fisioterapia e para crianças.

Como não é exatamente uma academia e como tenho nadado sempre em horário comercial, a piscina vive cheia de senhorinhas com maios floridos e touquinhas que mais parecem toucas de banho. Na verdade, tem muita gente que vai lá mais para socializar dentro da piscina que para se exercitar.

Providencia, é bom esclarecer, é uma das Municipalidades de Santiago. Na verdade, Santiago não tem prefeito. A cidade é composta de diversas municipalidades e cada uma tem seu próprio alcalde. É como se em São Paulo, em vez de votar para prefeito, você votasse para o administrador regional da Lapa, ou de Pinheiros, sei lá.

Cada Municipalidade tem suas próprias regras: funcionamento de bares, manutenção de áreas verdes, escolas, etc. e fica com seus próprios impostos, que derivam basicamente de imóveis e alvarás de funcionamento de comércios e outros.

Parece que em relação aos impostos há um rachão, para que as Municipalidades mais pobres não fiquem com muito pouco. De qualquer forma, locais mais abastados acabam ficando com dinheiro no caixa e podem investir em clubes como o SPA Clube Providencia já mencionado.

Se você mora na região, vai pagar mais barato. Se morar em outra Municipalidade, poderá freqüentar o clube, mas o custo será mais alto.

Em tempo, transporte, polícia e outras necessidades mais amplas são administradas diretamente pelos Ministérios vinculados à presidência. Como aqui não é federação não existe Governador, mas sim um intendente regional, indicado pelo presidente e que é uma espécie de braço regional do Governo Central para administrar problemas mais regionais.

Aliás, após passar um tempo aqui, estou chegando a conclusão que esse negócio de Federação só serve para dar problema na cobrança de ICMS e perpetuar as capitanias hereditárias, mas isso pode ser assunto para outro tópico.

O charme extra do SPA Clube Providencia é o retorno para casa. Para voltar sempre pego o metro e tenho que dar uma caminhadinha até a estação mais próxima.

O legal é que essa caminhadinha deve ser feita por uma avenida chamada Pocuro que tem uma ciclovia e um caminho para pedestres espetaculares. Vejam algumas fotos.

Notem, na foto acima, que a pista da esquerda é para caminhar e a da direita para bicicleta. OLha o carinha pedalando aí...

Uns passeando o nenê e o cachorro e o outro pedalando...

Não tem muitas folhas e está fazendo frio, mas quem se importa?


E estão vendo a plaquinha ali ao lado, bem na esquina e virada para a rua?






Olha só que coisa mais simpática?

E aqui o pessoal bem que respeita essas coisas...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ai que divertido...

Gente, vocês viram que coisa 'linda' o boxe entre o Pedro Simon, o Renan Calheiros e o Collor no senado? Lavação de roupa suja braba... O povo bom para revirar túmulo!!!

Hahahah que baixaria!!! E a cara de bravo do Collor!!! Tipo, vou enfiar esse microfone no seu cu se você falar a palavra China mais uma vez...

Sabem o que isso me lembra? fantástico!

Andei um tempo sumida e agora tenho tanto assunto que já nem sei por onde começar.

Vou fazer então breves comentários sobre a Porcina. Quando eu escrevi sobre isso pela primeira vez, a 'pandemia' tinha acabado de chegar aqui e estava uma neura louca no país. Mas aí o tempo foi passando, a gripe foi se espalhando e quanto mais a gripe foi se alastrando mais o tema foi perdendo o interesse.

De fato, desde de que essa história começou, já conheci um monte de gente que possivelmente pegou a gripe. Digo possivelmente porque aqui os caras já desencanaram de contar – e, aparentemente, de fazer os testes também. Parece que a coisa funciona assim.

A mulher de um amigo do Carlos, por ex., começou a apresentar os sintomas. Foi para o hospital. Fizeram uns testes e descartaram gripe comum. Conclusão: pode ser que seja Porcina. Dão remédio (que não sei se é Tamiflu) e vai para casa dormir. Uma semana depois já tinha voltado para o trabalho.

Outra menina que eu conheço, também mulher de um amigo do Carlos (e que está grávida), teve febre uma noite. Ligou para o médico. Tomou um antitérmico e passou a noite. No dia seguinte não tinha mais febre, os caras nem foram ver se era ou não era. Acham que não era, mas sei lá.

Para comparar, fui procurar no site do “Mercurio” (o Estadão local) alguma notícia sobre a gripe (número de mortos, doentes), mas não achei nada.

Adiar volta às aulas? Nem pensar. Já voltou todo mundo para escola e com um detalhe: ontem, as sete da matina, o termômetro marcava zero graus! Mesmo assim, a molecada toda já tava indo para escola de bike (dá um dó, diga-se) e de ônibus e ponto.

Aliás, esse é um jeito ótimo de evitar transmissão de gripe. Em vez de ir para escola, o moleque vai para o shopping e fica lá respirando ar puro! Isso para não falar na galera que trabalha (no ar condicionado) e estuda... Claro que ninguém vai se contaminar no trabalho porque a produção, ao contrario da educação, não pode parar ;o)

Eu, particularmente, e a torcida do Corinthians (ou do Colo-Colo para ser mais precisa) andamos de metrô todo o dia. Se eu pegar a porcina, a culpa será da secretaria de transportes de Santiago...

De qualquer forma. Quando eu leio o UOL parece que o ebola chegou ao Brasil. ESTAMOS TODOS CONDENADOS!!! Quem deve estar gostando disso tudo é o Sarney.

Mais um detalhe. A coitada da menina viaja para Disney, fica doente, vai para o hospital, o hospital dá alta e diz: se apresentar febre, dor ou falta de ar a pessoa deve retornar ao hospital... Aparentemente, pelo que andei lendo, isso significa que tá tudo bem pegar um avião e viajar 13 horas de volta para o Brasil porque é super fácil obedecer a essa recomendação no meio de um vôo internacional. Isso, pelo menos, é o que diz a agência de turismos já que os médicos teriam sido informados que ela estaria retornando para o Brasil no dia seguinte.

Vai ver acharam isso porque ela não tinha gripe suína (só uma pequena de pneumonia), mas aí tudo bem. Será que sou só eu ou alguém mais também acha que alguma coisa não bate nessa história?

Logo vou colocar um post sobre Miami e o jacaré que quase comeu meu pé...



quinta-feira, 9 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Jamaica Abaixo de Zero

Esse fim de semana fui tentar esquiar. Foi minha segunda tentativa e dessa vez rolou, ou melhor dizendo, deslizou.

Minha primeira experiência com esquis nos pés foi patética. Passei o dia inteiro para conseguir chegar ao início da pista e tomei capotes de todos os tipos (frente, lado, costas, etc.). Levei horas para fazer menos que o básico e ainda fui humilhada por centenas de criancinhas que passavam voando pela pista.

Dessa vez fui mais bem sucedida.

No primeiro dia fiquei meio quieta no começo da pista, dando umas deslizadinhas despretensiosas e passei mais tempo admirando os japoneses esquiar. Como eles são divertidos! Os caras cruzam meio mundo, usam roupas super descoladas e esquiam tão bem quanto eu, só que com um detalhe: são loucos! Se jogam na neve como se fossem de borracha e caem e riem e se divertem muito.

No segundo dia fiz um curso. Foi a melhor coisa que fiz. Técnica é tudo. Com um pouco de explicação até que não ficou tão difícil. Consegui descer a pista sem cair (muito) e até fiz aqueles ‘S’ na pista. Muito competente. Desci a pista abaixo várias vezes...

Fui esquiar em Farellones, que é estação de esqui mais próxima à Santiago. Chega-se em uma hora (mais ou menos 60 km de distância) por uma estradinha íngreme e cheia de curvas, que não é pior que a Taubaté-Ubatuba. Dá tranquilinho para ir e voltar.

Note que para ir de carro à Farellones é preciso ter correntes para colocar nos pneus. O problema é que só se deve colocar a corrente quando neva e o chão fica cheio de gelo.

Observando a estrada, é fácil notar que não há muito espaço para colocar as tais correntes, o que dá um pouco de medo. No caso concreto não nevou (enquanto estávamos lá) e não foi preciso fazer tais manobras. Assim, fica para a próxima aventura.

Uma coisa é evidente, mesmo para quem tem acesso fácil a pistas de esqui (caso dos santiaguinos), esse é um esporte caro. Para alugar um traje completo (roupa, botas, bastões e, claro, esquis) gasta-se uns 60 dólares, por dia.

Acabei comprando uma roupa usada. Os brechós (aqui há muitos) ficam lotados de roupas de esqui nessa época do ano. Comprei uma jardineira, um casaco e um par de luvas por 80 dólares. Compensa para quem pretende esquiar mais de uma vez.

Já esqui e botas são outros quinhentos. Só vale a pena comprar se você for um entusiasta. Elas são bem caras e mesmo um principiante (como eu) percebe que não dá para comprar qualquer bota. Se quiser comprar, compre uma muito boa ou seu pé não vai mais existir depois de algumas tentativas. Além de serem usadas muito apertadas, como botas de gesso mesmo, elas são feitas para que o corpo seja projetado para frente numa posição pouco natural. Por ser naturalmente tão desconfortável, tem que ser bem feita.

Obviamente, está cheio de brasileiros (mesmo com a porcina), a tal ponto que você pode estar lá na montanha e escutar um “consegui” bem sonoro. Paciência.

Depois que consegui esquiar ficou divertido e menos cansativo, mas você termina o dia podre. Recomendo a tentativa e o curso (não teria conseguido sem o instrutor).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Porque eu odeio as farmácias do Chile.

Antes de aprofundar o raciocínio, quero dizer que eu amo farmácia (drogaria no caso). É uma delícia andar por aqueles corredores cheios de cremes e shampoo, cheirar pote por pote, olhar todos os diferentes fatores de proteção solar que existem no mundo e, quando se tem um tempinho, comparar uma mecha de cabelo com as amostras da L’Oreal até verificar qual é o nome do seu tom de cabelo (castanho, dourado avermelhado ou louro vermelho escuro, etc.).
Aqui no Chile as farmácias são muito chatas!
Para começar, só aquilo que é estritamente perfumaria fica exposto no balcão. Sabonete, shampoo, desodorante e olha lá. Em alguns casos nem isso.
Quase todo o resto, fica atrás do balcão. Qualquer coisa mesmo. Dermacyd (que aqui chama Lactacyd) fica sempre atrás do balcão. Optti-Free e produtos similares também estão sempre atrás do balcão. Esmalte e maquiagem, tudo trancado a sete chaves.
Em São Paulo, qdo preciso comprar produto para lente de contato vou à farmácia, vejo os produtos disponíveis e escolho o que está em mais vantagem.
Aqui não é tão fácil.
O procedimento é assim. Você chega à farmácia e saca uma senha. Uma papeleta bem similar àquelas disponíveis em repartições públicas, cartórios e outros lugares chatos. Quando finalmente vc é atendido e pede “solución para lentes de contactos” a mulherzinha vai lá e pega o que estiver mais caro. Se quiser verificar o preço, o sujeito tem que se esticar e ver quais outras marcas estão disponíveis, pedir todas e perguntar.
Por algum tempo, cheguei a pensar que houvesse uma limitação para deixar alguns produtos expostos, mas não deve ser nada disso não. Até porque dá para comprar toda a bagulhada sem receita.
Acho que é mesmo uma estratégia “burra” para fazer mais dinheiro.
Aliás, quando cheguei aqui pela primeira vez, o assunto do momento era o cartel formado pelas três principais redes de farmácia locais – e denunciado por uma delas - no intuito de vender mais caro e eliminar os genéricos. Tinha um monte de gente protestando na frente das farmácias e só se falava nisso.
Até agora nada mudou. Os caras continuam empurrando coisas e caras e produtos simples (tipo soro fisiológico) não se encontram em lugar nenhum.
Se eu fosse amiga do Onofre mandava abrir uma drogaria aqui e inovar o conceito de farmácia. Aposto que faria fila de dobrar o quarteirão.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Momix

O Momix esteve em Santiago e eu aproveitei.

Para quem não sabe, Momix é uma companhia de dança americana que tem por marca registrada a ilusão de ótica, o trabalho com luz e sombra, bonecos e acrobacia. Aí em baixo, coloquei um link para um vídeo que está no youtube e que tem um resumo do espetáculo que eles apresentaram aqui (Bothanic).

Como não estou aqui para fazer crítica de espetáculos vou apenas dizer que gostei MUITO do show.

Comprei os ingressos pelo Ticket Master daqui. Primeiro, tentei por internet. Não consegui porque não tenho RUT (que é o RG, CPF, carteira de motorista e n° de passaporte dos chilenos).

Acabei tendo que comprar por telefone e não me irritei. A mocinha foi educada e bastante paciente. Além disso, embora não tenha sido atendida de primeira, devo dizer que a espera foi bem aceitável.

O espetáculo foi no teatro Teleton. Trata-se de um teatro com capacidade para 1250 butacas, que se localiza no centro da cidade (próximo ao metrô, inclusive). Sábado levou, no máximo, 15 minutos para chegar.

Não sei muito sobre a história do teatro, mas sei que ali se apresenta (ou apresentava) o Teleton (óbvio). Quem apresenta o Teleton é Don Francisco (o Silvio Santos da América Latina, que vive em Miami e, por acaso, é chileno).

Passando o teatro, há um estacionamento gratuito, mas não muito grande. De qualquer forma, chegamos com meia hora de antecedência e tinha onde estacionar.

Comprei um ingresso intermediário (aproximadamente 100 reais) e a visibilidade estava bem boa.

A única coisa foi que achei a platéia meio fria. Estou acostumada a uma certa algazarra (assobios, gritos, gente aplaudindo em pé, etc.). Aqui não teve nada disso, só uns aplausos modestos. No entanto, não acho que as pessoas tenham desgostado.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Gripes

Desde que o Ministério da Saúde recomendou aos brasileiros que não viagem ao Chile, está o maior bafafá, ainda mais que os jornais daqui são tão sensacionalistas quanto os brasileiros.

Até uma menina do MMSO, que tinha planejado vir para cá em Julho, me mandou um e-mail perguntando sobre a gripe. Respondi a ela – ontem de manhã – que, de fato, havia muitos casos registrados (5.000 mais ou menos), mas que eu não conhecia ninguém que estivesse infectado.

Pois é, na hora do almoço descobri que duas pessoas (a filha de um amigo do Carlos e a irmã de outro) pegaram a gripe dos porquinhos, que aqui se chama ‘gripe porcina’.

As duas meninas que pegaram a porcina (ou foram pegas por ela, sei lá) freqüentam escolas e similares. É fato notório que colégios são os maiores antros de pestilência, bactérias e micróbios que há. As duas porcinas estão em casa e, não fosse a confirmação do exame, poderiam passar por gripadas comuns.

O interessante é que aqui, com o avanço da doença, as pessoas parecem estar cada vez mais desencanadas.

Quando apareceu o primeiro caso (bem depois do Brasil, diga-se), parecia que a sétima praga do Egito estava chegando ao país. A TV só falava disso e era um tanto de matérias mostrando gente comprando aquelas máscaras de hospital, emergências lotadas e assim por diante.

Agora que a gripe se espalhou, parece que estão um pouco menos apocalípticos.

Veja-se que o Chile – e Santiago especificamente – é o lugar perfeito para gripes. Frio, seco e poluído. Ademais, como a maior parte dos lugares fica fechada todo o tempo já viu.

Mesmo assim, não deixa de ser meio engraçado ver as crianças todas encapotadas na rua e no metrô. Os casacos são tão grossos que as coitadas nem conseguem fechar os braços e ficam parecendo umas estrelas. Para completar, as mães colocam a tal máscara (que não adianta muito, parece) e enrolam um cachecol por cima e lá vai a coitada da criança parecendo uma trouxa de roupa.

Só para não passar em batido, como o assunto do dia é a morte de Michael Jackson, umas das notas do UOL tem um título para lá de interessante:

“Fã que acompanhou ensaio diz que se assustou com aparência de Michael Jackson”

Só ela?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Globalização

Para aqueles que ainda não sabem, acabei assinando a Globo internacional. Assim, posso acompanhar a novela, saber mais sobre a Índia e, de quebra, assistir as notícias do mundo pela ótica do Jornal Nacional. O Carlos também ficou felizão porque agora pode ver os jogos do Corinthians...

A programação é basicamente a mesma com o detalhe que tudo passa com um dia (novelas) ou uma semana (A Grande Família) de atraso. O jornal é ao vivo. Há também um mix com os programas da GloboNews, Futura, Multishow etc.

Mas o mais interessante são as propagandas. No topo da lista estão as propagandas de agências de viagens, empresas de mudança e de envio de dinheiro.

Também há muitos anúncios sobre pontos de vendas de produtos brasileiros, nenhum deles em Santiago, infelizmente. Como a retransmissão que chega ao Chile é a mesma que vai para os EUA, quase todos os anúncios são de empresas localizadas em Miami, depois Nova York e Jersey e, por último, Los Angeles.

Os anúncios mais divertidos são aqueles de empresas que prestam serviços para facilitar a vida dos brasileiros com destaque para serviços legais e paralegais. As propagandas são sempre assim:

“Problemas com visto, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, divórcio...

Nossa equipe é especializada em direito de imigração, criminal e família”

Ou então uma coisa mais pessoal:

“É muito difícil quando estamos longe de casa e da família e quando queremos ter parentes vivendo próximos... Estamos há mais de 20 anos auxiliando a comunidade brasileira com problemas de vistos, deportação, acidentes de carro, etc...”

E daí aparecem imagens de advogadas arrumadinhas, de tailleur azul marinho, camisa branca e pérolas, ao lado de um engravatado mais senior e outro engravatado mais jovem fazendo cara de mau.

Além de ter uma boa imagem da vida que os brasileiros levam em Miami (aparentemente a galera se envolve em muito acidente de trânsito) as propagandas são muito divertidas e inusitadas.

Para quem não sabe, no Brasil, a OAB proíbe qualquer advogado ou escritório de advocacia de fazer qualquer tipo de propaganda. Não pode ter nome fantasia (por isso todo escritório chama Silva & Silva), não pode anunciar nem êxito nem especialidade em qualquer veículo de comunicação, não pode divulgar nada.

A idéia por trás disso é não gerar demanda, tipo assim: seu vizinho tá te enchendo a paciência? Mata o cara que eu faço uma defesa maravilhosa!

Claro que isso é um exagero, mas outro dia, vi um anúncio de um advogado especialista em acidentes.

A seqüência de imagens mostra um tipo trabalhando numa obra e a mensagens “acidentes de trabalhos?”, o Fulano de tal é especialista em indenizações e acidentes. Logo aparecem as imagens de um figura de cavanhaque, engravatado, lendo livros de capa dura e apontando um quadros com imagens da anatomia de uma perna (músculos, ossos e essas coisas).

Fosse no Brasil, a Camargo Correa mandava prender o sujeito. Nos EUA pode.

Sinceramente, acho que a OAB tem um pouco de razão e é fato que as propagandas são meio ridículas. Por outro lado, no Brasil ninguém conhece direito nenhum.

Enfim, esse post não tem conclusão.

Ah, também tem muita propaganda de clínicas odontológicas – chiquérrimas, diga-se. Pelo jeito, os dentistas brasileiros ainda são um sucesso.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Choveu, choveu e apareceu


No campo...
E na cidade...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Não estou no Chile, então vou voltar a comentar notícias do Brasil. Vejam bem isso:

"Comissão aprova projeto que unifica fusos horários do país
Texto atende a lobby das TVs, que são obrigadas a respeitar fusos locais na programação. Para neurologista, mudança causará sono nas pessoas que terão de adiantar o relógio para se adequar ao horário de Brasília DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA REDAÇÃO
Projeto de lei aprovado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado unifica os três fusos horários do Brasil, ordenando que todo o país seja regido pelo horário de Brasília.O projeto ainda será analisado pela Comissão de Relações Exteriores. Depois, pode ser votado no plenário do Senado. Se aprovado, segue para tramitação na Câmara. Poderá virar lei se for aprovado e sancionado pelo presidente Lula.Um dos argumentos do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), autor do projeto, é que a unificação dos fusos facilitará as transmissões de TV e rádio, que em 2007 trabalharam para reduzir de quatro para três os fusos horários no país.A eventual unificação dos fusos atende ao lobby das TVs. Em 2007, uma portaria federal obrigou as emissoras a respeitarem os fusos do país na veiculação dos programas. Uma novela com classificação indicativa para 14 anos, por exemplo, não pode ser levada ao ar antes das 21h, seja no horário de Brasília ou do Acre (uma hora atrasado em relação à capital).Para as emissoras, porém, é comercialmente mais vantajoso unificar a programação. O lobby das TVs é capitaneado pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), entidade que congrega Globo, SBT e Record. Na justificativa do projeto, Arthur Virgílio argumenta que o atraso de uma hora em Estados do Norte e do Centro-Oeste dificulta a integração econômica e causa "descompasso no ritmo de progresso nas comunicações e nos transportes".Ainda segundo a justificativa do projeto, um único fuso horário "se justifica ante a unificação e informatização do sistema financeiro, o desenvolvimento dos transportes aéreos e das comunicações via satélite". Danos ao sono Segundo o neurologista Flávio Alóe, do centro de sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de SP, a unificação causará sono nas pessoas que terão de adiantar o relógio ao horário de Brasília."Anos atrás, estudos no Canadá mostraram que, nos dias após a mudança de horário, aumentavam os acidentes relacionados a dormir no volante. "Os fusos brasileiros foram definidos em 1913: o Acre ficou cinco horas atrás do meridiano de Greenwich (que passa pela Inglaterra); AM, MT, MS, RO e RR ficaram quatro horas atrás; o resto do país ficou com três horas de atraso; e Fernando de Noronha, com duas horas.Em abril do ano passado, o fuso do Acre foi incorporado ao de MT, MS, AM, RO e RR."

Alguém já viu uma coisa mais ridícula que essa proposta?!

Já, no caso, a preocupação do reporter de que, nos dias após a mudança de fuso, as pessoas podem ficar com sono e 'bater o carro' hahahahahahha

Gente, sabem por que, quando em São Paulo são seis da manhã em Manaus são cinco? Porque tá de noite...

E essa de que um único fuso horário "se justifica ante a unificação e informatização do sistema financeiro, o desenvolvimento dos transportes aéreos e das comunicações via satélite". Então por que a gente não unifica o fuso horário do mundo inteiro? Tudo bem que uma parte ia ter que trabalhar durante a noite mas e daí? Já pensou como seria melhor para as transmissões da Copa do Mundo no Japão e das Olimpíadas na Austrália, por exemplo! Nunca mais fórmula um as nove da manhã, nem jogo de tenis de madrugada. E todas as bolsas de valores do mundo funcionando juntas que espetáculo!!! Já pensou!? Além do que seria muito mais prático para fazer conference call com clientes gringos! Só tem vantagem!!!

É cada uma que aparece!!!

Em tempo, existe um país que faz isso (além da Holanda e outros locais diminutos que não contam): a China!

Em tempo, a distância entre a Serra do Divisor (Leste) até Ponta do Seixas (Oeste) é de 4.325 km. A distância entre Nova York e São Francisco é de 4.133 km. Nos EUA são 5 fusos (sem contar Alasca e Havaí).

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O otimista e o positivista

Uma vez, há alguns anos, entrei num elevador e por pura falta de opção – além, claro, de curiosidade – comecei a escutar a conversa de três meninas próximas a mim. Uma terminava de contar uma história e se queixava muito, ao que a outra respondeu: “Não se preocupe tanto, vai dar tudo certo. Você precisa ser mais positivista.”

Eu adoro essa história. Já contei para meio mundo e sempre que posso, repito.

Pois bem, nos últimos dias tenho comentado muito com o Luiz sobre as imbecilidades cometidas pelos jornais na cobertura da queda do avião (inclusive a fantástica e delicada manchete no Estadão).

Para melhorar, hoje, tentando ler matérias sobre o discurso do Obama no Iraque, me deparo com essa pérola:

“Em declarações à emissoras (sic.)de TV locais, o porta-voz do governo, Ali al Dabbagh, pediu ao líder americano que respeite os compromissos que os EUA têm com seu país e considerou que a parte dedicada ao Iraque reflete o "positivismo" da Casa Branca no tema.”

Bem, após ler o texto acima penso: que diabos terá Ali Babá achado do discurso? Será que, finalmente, sou eu que não sei o que significa positivismo? Será que o uso da palavra positivismo (e entre aspas ainda) tem algum sentido oculto cujo significado profundo eu não alcanço?

Lá vou eu ao Houaiss (antes que alguém comente acho um péssimo dicionário, mas é o único que eu tenho aqui) e leio:

“Acepções
substantivo masculino

1 estado ou qualidade de positivo; caráter seguro, definitivo
2 Rubrica: filosofia.
sistema criado por Auguste Comte (1798-1857), e desenvolvido por inúmeros epígonos, que se propõe a ordenar as ciências experimentais, considerando-as o modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das especulações metafísicas ou teológicas; filosofia positiva, comtismo
3 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: filosofia.
em sentido lato, cada uma das doutrinas influenciadas pelo comtismo nos sec. XIX e XX, caracterizadas pelo cientificismo, metodologia quantitativa e hostilidade ao idealismo
4 Rubrica: lingüística.
atitude de alguns lingüistas que se limitam a considerar os fatos da linguagem como um conjunto de fenômenos a serem descritos, tomados independentemente dos falantes que os empregam”

Hum... continuo confusa.

Saí, então, caçando sites gringos para ver se descubro o que será que o porta-voz iraquiano achou do discurso e encontro o seguinte:

Ali al-Dabbagh, the Iraqi government spokesperson, said the speech was historic and important and reflected a positive direction for the new administration and it is a new start."

Num dicionário Cambridge que achei na net positive pode ser definido como hopeful ou confident, or giving cause for hope and confidence em uma tradução simples uma atitude positiva. Ex.:
On a more positive note, we're seeing signs that the housing market is picking up.
The past ten years have seen some very positive developments in East-West relations.
There was a very positive response to our new design - people seemed very pleased with it.

Assim, numa tradução bem porca temos mais ou menos o seguinte:

“Foi um discurso histórico e importante e reflete a orientação mais otimista/esperançosa da nova administração e é um recomeço”

Como o comentário acima traduzido não tem nada a ver com o que está sendo dito pelo jornal brasileiro pode ser que o repórter que escreveu a matéria estivesse se referindo a algum outro ponto do discurso feito pelo Sr. Ali Babá. Pode ser...

Eu até poderia procurar mais mas não estou com vontade. O caso é que, no fundo no fundo, acho mesmo é que a mina do elevador está fazendo escola. Em breve, vou contar a historinha que iniciou esse post e ninguém mais vai achar graça.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mercado Imobiliário

Seguindo, ontem, além da visita ao La Moneda, fui conhecer o apartamento novo que a Val comprou para ir morar com seu marido. Em resumo, o mercado imobiliário em SP é uma bomba. Vejam se não tenho razão.
O apartamento fica num dos bairros mais valorizados da cidade (Vitacura). Está perto da sede da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU), de várias embaixadas (inclusive é vizinho de muro, não muito alto, da embaixada de Cuba, ou seja, apresenta ótimos planos de fuga) e da Avenida Alonso de Córdoba que é a Oscar Freire local (vai vendo aonde vai se meter a embaixada de Cuba).
Embora seja um apartamento de primeiro andar, todas as janelas estão orientadas para um pátio do próprio edifício e a coisa mais próxima que existe à vista são árvores (nada mal).
O apto tem 91 m², dois quatros, cozinha de bom tamanho para prédios novos, área de serviço pequena (para os padrões brasileiros, normal aqui) uma sala boa, uma varanda bem grande e contínua que vai da sala até o segundo quatro, dois dormitórios (sendo uma suíte) e mais um banheiro comun.
Até aí, normal. O que chama – e muito – a atenção é o acabamento.
Primeiro, o apartamento é entregue com carpete de madeira na sala, azulejos nos banheiros e cozinha, carpete nos quatros (o lugar é frio), etc. sem nenhum custo adicional. Isso nem seria tão espantoso já que, verdadeira aberração, é esse sistema brasileiro que cobra o azulejo à parte, mas não é só.
O banheiro, por exemplo, é entregue completo! E por completo eu quero dizer todas as louças e metais, inclusive banheira (nos dois banheiros), armários embaixo da pia e, pasmem, espelhos!!!!
Além disso, a casa está repleta de armários embutidos PROFUNDOS. O apto. tem armários nos dois quartos, no corredor e ao lado da entrada.
A cozinha vem tão completa quanto o banheiro. De verdade, só faltam geladeira e máquina de lavar pratos, já que o fogão elétrico vem instaladoooooooo. A cozinha planejada também é entregue pela construtora, ou seja, o ap já vem de fábrica com armários (suspensos e sob a pia), gaveteiro, balcão e uma pia dupla que faria a Kika muito feliz (sabe para não misturar louça com gordura da sem gordura). E a área de serviço já tem um tanquezinho, mais espaço para a máquina.
Os dois quartos e a sala dão para uma varanda contínua e bem confortável. O vidro que separa o ambiente interno da sala é duplo. Há calefação nos dois dormitórios.
Não vou dizer aqui quanto ela pagou, pois seria indelicado, mas posso dizer não saiu nada caro (quanto mais com toda a bagulhada que vem de fábrica). Quem quiser saber o preço me pergunta depois.
A única falha (que não é um problema do apto, mas do país) e que não há ralos. É isso, no Chile, ainda não inventaram o ralo!
Notei isso logo a primeira vez que lavei o banheiro daqui. Joguei um monte de água no chão e pimba, cadê a porra do ralo? Agora já estou esperta. Lavar banheiro, só com a escova mágica.
Não sei se é por culpa dos terremotos ou se é uma cultura que não desenvolveu o conceito do ralo e ponto, mas que esse é um conceito perdido isso é.

domingo, 31 de maio de 2009

La Moneda

Hoje foi dia do Monumento Nacional, que é uma espécie de virada cultural das instituições. Todos os prédios públicos ficam inteiramente – ou quase – abertos à visitação pública.

Ministérios, Congresso, Palácio La Moneda... todos os prédios públicos podem ser percorridos e visitados por quem quer que seja. Claro, sempre tem uma fila, mas é percorrível.

Fui visitar o La Moneda. Vi todas as salas (inclusive o local onde morreu o Allende), os gabinetes, salões oficiais, etc. No que tange ao Allende, como a intenção é recuperar e manter a memória do país, eles restauraram o palácio tentando manter suas características de época (depois posto as fotos).

Agora, o que eu achei mais engraçadinho foi o setor da primeira-dama. O Chile, como qualquer país do mundo, tem a figura institucional da primeira-dama que, ao longo da história, sempre esteve encarregada de certas atividades. Quando a Bachelet foi eleita apareceu o problema: quem agora vai realizar as atividades da primeira-dama?

Para resolver o caso, logo após a eleição, Bachelet criou a Diretoria da Área Sócio-Cultural da Presidência e indicou uma senhora chamada Adriana Delpiano para o cargo. A senhora, no caso, era uma assistente social com muita experiência em política pública etc., e, também, amiga da Bachelet. Assim, ficou conhecida como primeira comadre.

Hoje, o cargo é ocupado por outra pessoa chamada María Eugenia Hirmas, mas o nome (primeira-comadre) ficou. Adorei .


quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ou Isto ou Aquilo.

Hoje estava lendo a Folha de São Paulo (ô dia besta) e me deparo com a seguinte notícia:

“O governo de São Paulo enviou a alunos de terceira série (faixa etária de nove anos) um livro feito para adolescentes, que possui frases como "nunca ame ninguém. Estupre".
A coletânea de poesias faz parte do mesmo programa de melhoria da alfabetização que teve um livro recolhido por conter palavrões e expressões de conotação sexual: "Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol", também distribuída para a terceira série.
A nova obra, "Poesia do Dia -Poetas de Hoje para Leitores de Agora", foi enviada às escolas há cerca de duas semanas para ser usada como material de apoio. Foram distribuídos 1.333 exemplares.
"Não é para crianças de nove anos. São várias ironias, que elas não entendem", afirmou o escritor Joca Reiners Terron, autor do poema mais criticado por professores da rede, chamado "Manual de Auto-Ajuda para Supervilões".
Alguns dos versos são "Tome drogas, pois é sempre aconselhável ver o panorama do alto"; e "Odeie. Assim, por esporte".
"Espero que o Serra [governador José Serra] não ache o texto um horror, como ele disse do outro livro. Horror é quem escolhe essas obras para crianças", disse Terron.
Em nota, a direção da Abril Educação (responsável pela Ática) afirma que o livro é recomendado para adolescentes de 13 anos, "indicação reforçada na contracapa, na apresentação e no suplemento ao professor".
Após questionamento da Folha, a Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) decidiu ontem retirar os livros das salas de aula. Os exemplares, no entanto, permanecerão nas escolas, para consulta de alunos mais velhos.
O entendimento é que os assuntos do poema devem ser abordados na escola, mas com supervisão de um especialista.
A secretaria não esclareceu como é feita a escolha dos livros. A sindicância aberta para apurar o caso do outro livro ainda não foi concluída.

Críticas
Professor da Faculdade de Educação da USP, Vitor Paro afirma que a escolha do livro para crianças de nove anos "é produto da incompetência e ignorância do governo".
"Por que os livros só foram retirados após o jornalista questionar? A análise não deveria ter sido feita antes?", diz.
A coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Angela Soligo, classifica como "um horror" o poema. "Tem uma ironia que talvez só o adulto entenda. É totalmente desnecessário para uma escola."
"Já é o segundo caso. Os professores ficam inseguros com o material", disse ela.”

Antes de sair xingando - e evitando seguir a linha fácil do “oh que absurdo” - resolvi, primeiramente, dar um Google no poeta (que eu não conhecia, confesso sou muito ignorante em termos de literatura moderna) até porque, os comentários atribuídos a ele pela Folha mostram que se trata de um sujeito ok. A biografia no wikipedia é a seguinte:

“Joca Reiners Terron (Cuiabá, 9 de fevereiro de 1968) é um poeta, prosador, artista gráfico e editor brasileiro. Radicado em São Paulo desde 1995, Joca estudou Arquitetura na UFRJ e formou-se em Desenho Industrial na UNESP. Publicou os livros de poemas Eletroencefalodrama (1998) e Animal anônimo (2002) e os de prosa Não há nada lá (2001), Hotel Hell (2003), Curva de Rio Sujo (2004), e Sonho interrompido por guilhotina (2006). Foi editor da Ciência do Acidente. Seus textos integram diversas antologias nacionais e estrangeiras[carece de fontes?], como Na virada do século - poesia de invenção do Brasil (2002), editada por Frederico Barbosa e Claudio Daniel, Rattapallax, editada nos EUA (2002), e Tsé=tsé, editada na Argentina (2000)”

O texto é curto e objetivo. Nada que deponha contra ou a favor do sujeito se sobressai (além, claro, do “carece de fontes” ao lado da afirmação de que seus textos integram diversas antologias nacionais e estrangeiras).

Vi então que ele tem um blog e um site. No site, o Joca comentava o caso e, principalmente, o sensacionalismo da matéria do jornal AGORA que, inclusive, teria dado mais destaque à questão do livro do que ao jogo do Corinthians, com a seguinte manchete:

“Livro Entregue a 3ª. Série Sugere Estupro e Drogas”

Bem, sem querer discutir a linha editorial do AGORA (até porque não sou jornalista) no meu ponto de vista a educação de alunos de terceira série é sim mais importante que o futebol. Nesse contexto, acho muito salutar que um jornal dê mais destaque a política educacional do governo do que ao coringão (mas isso pode ser coisa minha, que acho o campeonatopaulistabrasileirocopadobrasileaputaquepariu um porre).

Já o tom sensacionalista do jornal é outro problema que, obviamente, não ajuda em nada na discussão.

Pois bem, na seqüência, o blog apresenta a íntegra do poema que reproduzo a baixo:

“Manual de auto-ajuda para supervilões

Ao nascer, aproveite seu próprio umbigo e estrangule toda a equipe médica.
É melhor não deixar testemunhas.

Não vá se entusiasmar e matar sua mãe.
Até mesmo supervilões precisam ter mães.

Se recuse a mamar no peito. Isso amolece qualquer um.

Não tenha pai. Um supervilão nunca tem pai.

Afogue repetidas vezes seu patinho de borracha na banheira,
assim sua técnica evoluirá.
Não se preocupe. Patos abundam por aí.

Escolha bem seu nome. Maurício, por exemplo.

Ou Malcolm.

Evite desde o início os bem intencionados. Eles são super-chatos.

Deixe os idiotas uivarem. Eles sempre uivam, mesmo quando não
podem mais abrir a boca.

Odeie. Assim, por esporte.
E torça por time nenhum.

Aprenda a cantar samba, rap e jogar dama. Pode ser muito útil na cadeia.
Principalmente brincar de dama.

Ginga e lábia, com ardor. Estômago em lugar de coração,
pedra no rim em vez de alma.

Tome drogas. É sempre aconselhável ver o panorama do alto.

Fale cuspindo. Super-heróis odeiam isso.

Pactos existem para serem quebrados. Mesmo que sejam com o diabo.

Nunca ame ninguém. Estupre.

Execre o amável. Zele pelo abominável.

Seja um pouco efeminado.
Isto sempre funciona com estilistas.

[ in, "Poesia do Dia - Poetas de Hoje para Leitores de Agora", org. Leandro Sarmatz, Ática, SP, 2008 ]

Comentemos, mas primeiro uma premissa.

Sinceramente, acho que ao se avaliar uma obra de arte não se deve “julgar” se é moral ou imoral. Essa é uma armadilha. Se seguirmos nessa linha, vamos abrir caminho para todo tipo de babaca sair por aí defendendo que as obras fálicas pintadas nas paredes de Pompéia devem ser borradas ou ainda dizendo que filme brasileiro só tem palavrão (porque os filmes americanos, esses sim são de uma linguagem exemplar). Obras de arte devem ser avaliadas quanto à qualidade artística e ponto.

Nesse mesmo sentido, o artigo 5°, IV e IX da Constituição Federal protege a liberdade de expressão e as manifestações artísticas de qualquer natureza. Em suma, qualquer um pode escrever o que quiser, qualquer dono de livraria pode vender o que quiser e qualquer pessoa pode ler o que quiser.

Isso não significa, contudo, que o livre pensador não possa ter uma opinião (eu já tenho a minha e ela vem mais abaixo), mas não é só. O Estado também tem obrigação de avaliar e tecer sua opinião quando está divulgando um material a título de livro didático que, de acordo com o Houaiss, é palavra de origem grega e significa: relativo à didática; destinado a instruir; que facilita a aprendizagem; que proporciona instrução e informação, assim como prazer e divertimento, etc.

Bem, e como se forma a opinião do Estado? Muito simples, basta checar, de novo, os valores que estão insculpidos na Constituição Federal. Sigam meu raciocínio.

Assim como o professor de qualquer bom colégio escolhe, com esmero, o livro que vai sugerir para seus alunos o Estado tem de fazer o mesmo.

Pois bem, um colégio católico provavelmente não vai indicar a seus alunos “O Mundo Assombrado pelos Demônios”. Muito simples, se você quer formar cristãos, não deve sugerir como leitura a Bíblia do ceticismo. Correto? Se o carinha quiser ler em casa, problema dele.

Pois bem, vamos à Constituição Federal in verbis:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

Aí vem o Manual do Super Vilão e diz:

“Aprenda a cantar samba, rap e jogar dama. Pode ser muito útil na cadeia.” ou ainda “Seja um pouco efeminado. Isto sempre funciona com estilistas.” SOCORRO!!!

E a imprensa ainda se fixou na coisa do estupro!!! Gente, HELLO!!! Tá todo mundo dormindo!!!

Dizem que vão deixar os livros para os mais velhos (por mais velhos entende-se 13 anos), para consulta sob supervisão. Supervisão de quem? Depois ainda acham estranho que a molecada queira fugir da escola. Note-se que o próprio autor reconhece que indicar seu livro para crianças é uma imbecilidade.

Uma coisa é óbvia. Ninguém lê a porra dos livros didáticos que são distribuídos pelo Estado (ou, pelo menos ninguém com mais de dois neurônios). Ninguém dá a mínima nem para o conteúdo nem para a qualidade. Aí vem neguinho fazer propaganda do programa de auxílio à alfabetização que distribuiu não sei quantos mil livros para as escolas públicas!!! Caraca, o que aconteceu com o “Para Gostar de Ler”? Cadê “O Aviãozinho Vermelho”, o “O Reizinho Mandão”? Cecília Meireles, Rute Rocha, Chico Buarque, Monteiro Lobato, Vinicius, Drummond e outros tantos escreveram para criança.

E vejam, eu não tenho nada contra gente nova que escreva bem (ou mal, que seja). Tampouco vou discutir o papel que o mercado editorial tem nessa baixaria toda – até porque, depois do maravilhoso post do Sutiliza, qualquer coisa seria redundante. O único problema é que na hora de fazer a FUVEST que tipo de leitura o próprio Estado exige que o estudante tenha lido?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pequenas diversões

Pequenas bestiras cotidianas que me fazem feliz:

1 - Poder dizer "entonces" (e manter a conversa em total seriedade).

2 Dar uma volta pelo quarteirão:

Portão

Direita


Direita

Direita

Direita


Finalmente, direita

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sewell

Sewell é uma cidade mineira há 2.200 metros de altitude e é considerada pela Unesco patrimônio da humanidade.

Foi construída no início do século XX pelos americanos que na época exploravam o cobre chileno. Ainda hoje, o acesso se dá pela área da maior mina de cobre do Chile - e portanto do mundo - com cerca de 2.800 km de túneis.

De fato, para se chegar a Sewell você tem que, literalmente, atravessar toda a instalação da CODELCO. Só se pode ir à Sewell de excursão já que veículos particulares não são permitidos pela estrada do cobre (o que, diga-se de passagem, é bastante compreensível considerando a quantidade de caminhões de ácido sulfúrico e outras maquininhas malucas que circulam por ali).

Na verdade, há excursões pela mina (sim você pode entrar no buraco dentro da montanha). Não peguei esse tour, de qualquer forma a vista das instalações internas já é muito impressionante.

No início do século XX os americanos instalaram uma cidade mineira de características muito peculiares. A idéia era muito simples: como fazer para manter 1.000 engenheiros americanos (e suas famílias) e 15.000 mineiros chilenos (e suas famílias) convivendo e maneira razoavelmente pacífica num ponto completamente isolado no meio dos Andes?

A resposta é Sewell.




Sewell, cujo auge se deu na primeira metade do século, tinha um teatro onde cantavam, de graça, artistas famosos da época. Parece até que um dos vocalistas dos The Platers viveu um tempo em Sewell. O cinema de Sewell apresentava todo e qualquer filme americano apenas 15 dias depois de sua estréia nos Estados Unidos. Em Sewell chegavam brinquedos que não existiam no Chile. Sewell ainda teve a primeira piscina olímpica aquecida da América Latina, foi a primeira cidade com sistema de calefação e outras novidades. A cidade tinha até um boliche!

E não é só. A cidade tinha os melhores médicos e infra-estrutura hospitalar do Chile (a primeira máquina de raio-x da América Latina adivinha onde foi instalada?). Os americanos selecionavam os melhores alunos das universidades chilenas, mandavam para os Estados Unidos e depois para Sewell. A quantidade de médicos era o dobro da que hoje se considera recomendável. A idéia era evitar que, no caso de uma grande tragédia na mina, a cidade ficasse sem assistência.

A cidade também tinha escola e um sistema rígido para manter as crianças sempre estudando. O bedel ia buscar em casa qualquer um que cabulasse. E se a pessoa quisesse parar de estudar? Bastava firmar uma declaração e aí... mina (ou faxina, se fosse mulher).

Nos anos 60, começou o processo de nacionalização do cobre. No dia seguinte à eleição do Allende, os americanos deixaram Sewell com a roupa do corpo, antes mesmo de qualquer movimento de extradição (imagina a grana que os caras já não tinham feito). Deixaram para trás suas casas, móveis (todos em madeira de carvalho) jóias e outros tipos de coisa.

Com a criação da estatal, começou-se a planejar o desmonte da cidade (de manutenção muito cara). Além disso, por esse tempo, descobriu-se que a poluição local era um terror absoluto e que, além do mais, o ar estava contaminado com arsênico o que culminou com o total abandono da cidade.

Hoje em dia, embora os níveis de contaminação tenham sido reduzidos em 80%, ainda não se pode ter hotel no local. Assim, só há excursões pelo dia e apenas nos finais de semana e feriados.

Pois bem, com a fuga dos americanos, as casas que em que eles viviam (supostamente as mais bonitas) foram desmontadas e vendidas. O resto da cidade foi ficando e ficando, mas sempre sob a ameaça do desmonte, até que estudantes de arquitetura recorreram a UNESCO e a cidade foi convertida em patrimônio da humanidade.

O guia da excursão, Don Nelson, nasceu e cresceu em Sewell e contou várias histórias pitorescas da cidade. Aliás, foi a primeira vez que eu vi um guia dar informações interessantes sobre o local visitado (ainda vou colocar algumas histórias aqui)

De qualquer forma vale muito conhecer a cidade e também passar pela mina de cobre. Também farei um tópico específico sobre isso, já que não posso perder a oportunidade de falar sobre coisas tão interessantes quanto bactérias que comem sulfato de cobre e fazem coco de cobre.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

CPI da Petrobras

Recordar é viver

(antes que reclamem, o link tem a matéria em forma legível e vale a pena ler para dar umas risadas tipo sobre as previsões do cara que, na época, era presidente da empresa e que, portanto, deveria ser o maior conhecedor da companhia).





quinta-feira, 14 de maio de 2009

Star Trek

Para tudo tem um primeira vez na vida. Ontem, pela primeira, eu assiti um filme da série Star Trek.

Alguns podem se espantar. Como assim?! Dirão em estado de choque. Pois é a mais pura verdade. Claro que eu sei quem é o Leonard Nimoy. Claro que, em algum momento da minha vida, devo ter visto meio episódio da antiga série de TV, mas nunca dei bola, nunca me interessei e nunca havia assistido nenhum filme com esse tema (nova ou velha geração, seja lá o que isso quer dizer).

Pois bem, ontem fui assitir o Star Trek e gostei. Não sei o que dirão os puristas, mas eu achei o filme bem legal.

Como o blog é dedicado a falar do Chile e não do espaço, em vez de continuar falando do filme vou copiar a crítica publicada numa revista chamada Zona de Contato, que é vinculada ao Jormal El Mercurio (o Estadão local). O crítico escreve como se fosse uma criança!!!

Segue o texto (que também é legal para deixar claro que chileno não é espanhol).

DAWSON'S TREK BEGINS (HASTA CUÁNDO CON LA LESERITA: THE MOVIE)

STAR TREK Y EL UNIVERSO UNIVERSAL

Por si las moscas(1), Star Trek se trata del futuro y de un montón de pericos (2) que trabaja en la Confederación Espacial Maestra de Compadres de Star Trek Que Andan en las Medias Naves S.A. (CEMDCDSTQAELMN), donde todos andan con uniforme nerd sentados delante de los tableros con lucecitas mirando el espacio por la ventana gigante. Siempre terminan metidos en los mansos tetes galácticos además, y se agarran a cañonazo limpio con las naves malas, y la cuestión. También es bacán porque siempre los compadres son bien variados y hay gente de distinta raza, por ejemplo un chino, un ruso, un gordo y una minoca (3), porque el universo es universal.

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Por lo mismo también, siempre hay extraterrestres entremedio, pero nunca son tan bacanes como ese Calamar-Man del Regreso del que te Jedi que abría las medias pepeas cuando veía la Estrella de la Muerte y se hacía tinta de miedo. Los marcianos de Star Trek son más fomeques y son como personas normales no más, salvo por una sola cosa cuática (4) que representa su extraterrestrialidad alienígena de marciano, por ejemplo un compadre con la media frente de rallador, o una minoca con los labios morados, o mi primo Feto con su cráneo gigante de zapallo italiano (cuando mira para arriba pierde el equilibrio y se va de espaldas por la hidrocefalia).

Y como esta película tiene toda la onda “Begins”, obvio que parte cuando todos los compadres de la CEMDCDSTQAELMN son péndex o están recién dando la PSU (5) galáctica en el Pedro de Alfa Centauro (6). Los principales son dos compadres en todo caso: uno que es todo abacanado y que es como si Luke Skywalker hubiera tenido un hijo con Han Solo y lo hubiera adoptado Zap Brannigan (maestro), y el otro que es entero nerd y grave y se cree la zorra (7) (el Peter Pan con chasquilla (8)).

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Como los van mostrando a los dos escena por medio, uno cacha (9) que cuando estén más grandecitos van a juntarse y va a quedar la grande (10), porque uno no es tonto. Y aunque estas escenas son con puros péndex apestosos, uno se da cuenta de que hay que ir abriendo la boquita porque esta Star Trek es a toda zorra (11) y espérate no más (la dura).

Uno le empieza a agarrar buena a los dos compadres, y justo cuando uno está empezando a aburrirse ZUÁCATE, pasa algo a toda raja y uno se ríe y lo pasa tan bien que termina con gripe zorrina. Con decirles que una señora al lado mío lo pasó tan pero tan pork, que tuvo la guagua de manera prematura ahí mismo en el cine y le puso Peter Pan con chasquilla a la guagua, y ni siquiera estaba embarazada (12). O sea, heavy (esta película hace milagros).

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Resulta que el peliculasta que se mandó esta cuestión es Jar Jar Abrams, que antes hizo esa serie famosa que los dejó a todos para dentro y con así cada pepa(13) (Felicity). Ahora hace películas y si todas son tan entretes como esta, que haga lo que quiera porque las voy a ir a ver igual.

No les quiero contar mucho la historia de la película para que después no anden llorando, pero le lleva de todo. Hay escenas de naves peleando que son maestras, monstruos mala onda persiguiendo compadres, planetas que se hacen bolsa (14), marcianos horribles bacanes, minocas hot verdes, paracaidismo, rayos láser y hasta un chino samurai futurista espacial. Incluso hay drama porque los compadres todos tienen rollo con sus viejos y da que pensar. Peter Pan con Chasquilla por ejemplo es hijo de la Winona Ryder y todos en el colegio lo molestan con que la mamá es manilarga (15) y le dicen presta tu vieja para ir a Zara y la cuestión (es drama con contenido).

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Otra cosa que encontré bacán son los malos, porque son como los típicos terroristas Habibi rencorosos terrícolas, pero en el espacio y con naves que parecen castillo terrorífico del Señor de los Anillos, pero acostado. (Los malos también son pelados y odian a Peter Pan porque le envidian la chasquilla). Uno igual los respeta porque son todos maceteados y malas pulgas, y porque tienen un líquido maldito que hace hoyos negros y se chupa planetas completos, y hasta Stephen Hawking quedó turuleque cuando vio esa cuestión.

En resumen, yo voy a ir a verla catorce veces más al cine a aprovechar la pantalla gigante y los parlantes zorraund, porque con esa música y esos efectos especiales modernos, ni loco. Y también voy a invitar a toda mi familia a verla, incluyendo a los marcianos de mi primo Feto y mi tía Charo, porque Star Trek me enseñó que el universo es de todos.

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Ochocientos millones setecientos quince mil tres estrellas, quince planetas y una supernova(¿cómo te quedó el ojo?). Y recuerden el mensaje: todo lo que es cool y la zorra va a terminar algún día siendo un viejujo tieso colorinche quiche. Y de ahora en adelante ojalá que este Jar Jar Abrams haga todas películas “Begins” que faltan: Rápido y Furioso: Triciclo Drift, Kill Bill vol. 0: Born Bill, y la más comienzo de todos los comienzos, Big Bang Begins: Rise of Nothing. Ya cabros, eso sería por esta semana. No sean giles y vayan a ver Star Trek.

(1) Caso alguém não saiba;
(2) papagaios, caras;
(3) mina bonitinha
(4) estranha
(5) FUVEST local
(6) trocadilho com nome de colégio local
(7) no contexto, zorra é legal para caralho
(8) franjinha
(9) uno cacha significa 'você logo entende". Cachar, diga-se, é um verbo chileno que significa entender e vem de 'to catch'. Todo mundo fala, é um tal de cachai para cá e cachaí para lá sem fim.
(10) vai dar merda
(11) no contexto, também significa legal
(12) essa frase doida diz mais ou menos o seguinte: "uma mulher ao meu lado riu tanto que teve um bebê ali mesmo e já o batizou de spock - e nem estava grávida."
(13) olhos arregalados
(14) hacer bolsa é ficar cada vez mais machucado.
(15) mão leve

Momento spoiler, o que vocês acharam do Spock pegador?