Mais um capítulo sobre o novo governo do Chile.
O atual escândalo - esse é dos bons - está relacionado com a nomeação do chefe de província de Bio-Bio (aquela que foi mais afetada pelo terremoto), ao sul de Santiago.
Apenas para esclarecer, chefe de província equivale ao que no Brasil seria o governador. A diferença é que, como o Chile não é uma Federação e, portanto, não está formado por Estados, não há eleições diretas para chefes de províncias. O governo central simplesmente indica alguém que passará os próximos quatro anos como administrador para questões regionais.
Dito isso, o novo governo acaba de anunciar que o Chefe de Província de Bio-Bio será o Sr. José Miguel Steigmeier (doravante denominado ZéMigué). Mas quem é ZéMigué?
Para dizer quem é esse sujeito primeiro preciso falar sobre a Villa Baviera ou, como era conhecida, a Colonia Dignidad.
Quando eu vim para cá, ganhei da Ferdi um livro da Isabel Allende chamado “Meu País Inventado”. Em pouco mais de 200 páginas, a escritora traça um retrato divertido, conciso e, até onde pude perceber, muito acurado do Chile.
Dentre os episódios mais bizarros está aquele dedicado à Colônia Dignidade.
Resumindo o livro e de acordo com informações de jornais e outras fontes facilmente identificáveis na internet (é só dar um Google tem informação para caramba) a história da tal colônia é mais ou menos o seguinte.
Existe no Chile, principalmente no sul, alguma imigração alemã (como você pode ver pela arquitetura da região dos lagos). A imigração é antiga, mas, após a segunda guerra, começaram a aparecer uns alemães meio diferentes por aqui.
Isso nem é tão estranho, Brasil e Argentina passaram pelo mesmo processo.
Aqui, no entanto, de acordo com a Isabel Allende, o anti-semitismo era muito forte e havia, inclusive, um partido nazista que gozava de razoável popularidade a ponto de desfilar na rua com suásticas etc.
Nessa toada foi fundada, nos anos 60, a tal Colonia Dignidad, ou em outras palavras, uma acampamento nazista que persistiu firme e forte até o século XXI.
A razão para sua longevidade seria a suposta proteção das Forças Armadas chilenas já que, no período da ditadura, o espaço da colônia teria sido usado como centro de tortura pelo serviço secreto. Enfim...
A colônia foi fundada por um tal de Paul Schäfer, que foi enfermeiro durante a segunda guerra e que, na colônia, se dedicava a atuar com jovens em situação de risco. Durante muito tempo era comum a divulgação de filminhos mostrando como as pessoas da colônia eram felizes e lindas, participando de festas comunitárias e trabalhando no campo (uma coisa meio Amish, mas com luz elétrica).
Em meados dos anos 80 começaram a surgir denúncias especialmente depois que um jovem alemão fugiu da colônia e, ao chegar na Alemanha Ocidental, denunciou Paul Shäfer por abuso infantil e outras práticas bizarras.
Ainda assim, o governo chileno (diga-se Pinochet) nunca fez muita força para averiguar se havia ali prática de abuso ou do que quer que fosse. Talvez porque a colônia supostamente ajudava o governo a produzir gás sarín e outras armas químicas, armas biológicas e convencionais.
Quando o governo militar caiu, iniciou-se algum processo de investigação acerca das denúncias de abuso, mas ninguém – absolutamente ninguém – dizia nada que pudesse comprometer Paul Shäfer ou outro membro da colônia.
Só quando Paul Shäfer foi preso na Argentina – e o pessoal da colônia se viu mais ou menos protegido do líder – é que as coisas começaram a aparecer. Além do abuso de menores, o rol de bizarrices do dia-a-dia da colônia incluía:
- proibição da formação de famílias e do sexo: os jovens não podiam casar nem namorar e os eventuais pais tinham que abandonar seus filhos que eram criados comunitariamente (ninguém tinham pai, mãe ou irmão). No fim, havia poucas crianças e ninguém sabe muito bem a origem das mesmas.
- a descoberta de um arsenal. O propósito das armas até hoje ninguém sabe, mas há suspeita de tráfico de armas, de planos para envenenar rios argentinos e sabe-se lá mais o que.
- a confissão de uma figura chamada Gisela Seewald que, seguindo ordens de Paul Shäfer, administrava sedativos e dava choques em crianças, que estariam possuídas por demônios.
- a identificação de uma rede de bunkers e tuneis usados na produção das armas e na prática de tortura.
- a existência de um manual de tortura da colônia.
O rol é infinito.
Aí vocês se perguntam: o que é que o ZéMigué tem a ver com tudo isso?
De acordo com processo já julgado, o ZéMigué movimentou dinheiro, por meio de paraísos fiscais, que simplesmente ajudaram Paul Shäfer a sobreviver enquanto ele fugia da justiça, antes de ser preso na Argentina.
O envolvimento do ZéMigué no caso, é bom que se diga, está comprovado não apenas por inúmeros documentos obtidos pela justiça como também pelo depoimento de um membro altamente graduado da colônia chamado Hatmutt Hopp.
Tá bom ou quer mais? Então tá.
Como se não bastasse tudo isso ele também é acusado de ter escondido Ángel Salvo uma das vítimas de abuso e que era procurado pela justiça.
Indicação polêmica é pouco! Vamos ver o que vai dar, se o tipo for colocado de escanteio eu aviso.
sexta-feira, 19 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
PUC
Ainda nesse tópico, esqueci de mencionar que a PUC daqui é muito arrumadinha. Nada a ver com aquela zona que é o prédio novo em Perdizes ou mesmo os prédios do COGEAE (na Barra Funda e no Centro).
Em compensação, a PUC daqui é católica mesmo e com uma orientação opus-dei. E já ouvi dizer (mas não vi) que há professores que rezam antes das aulas.
Já pensou isso na PUC em SP?!
Em compensação, a PUC daqui é católica mesmo e com uma orientação opus-dei. E já ouvi dizer (mas não vi) que há professores que rezam antes das aulas.
Já pensou isso na PUC em SP?!
quarta-feira, 17 de março de 2010
Diplomado
Hoje fiz minha primeira aula.
Foi divertido, afinal, a vagabundagem já cansou faz tempo. Colocar a massa cinzenta para trabalhar um pouquinho mais faz bem. Atualmente, meus neurônios só se exercitam em atividades como ver filmes e aprender a baixar arquivos no torrent (atividade, na qual – diga-se – sou muito mal sucedida).
Para quem não sabe, estou fazendo diplomado na área de tributação.
Sim, eu sou masoquista, mas não se preocupem. Eu não pretendo fazer um cotejo entre os sistemas brasileiro e chileno.
Se é para fazer algum tipo de comparação, creio que posso fazê-la entre os sistemas de diplomado já que em São Paulo fiz especialização na PUC. Até porque, aqui o diplomado també é oferecido pela Universidad Católica.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato de que o diplomado pode servir como uma prévia para o mestrado. Significa que, se no final do ano, eu decidir partir para um mestrado, posso simplesmente exercer essa opção. Terei nesse caso mais um ano de estudos e os créditos já cursados valem para a obtenção do título.
Além disso, algumas aulas são ministradas pela manhã – o que não é muito comum para os cursos de especialização brasileiros (COGEAE, IBEMEC, GV, etc.), salvo quando o curso é realizado aos sábados.
O nível dos professores, até o presente momento, está muito bom. O modelo é o mesmo adotado no Brasil também (caras com carreira acadêmica que são também “profissionais de sucesso”).
O sistema de aulas é totalmente diferente daquele usado pelos cursos acima, que adotam o sistema maleta de seminários. Se por um lado a leitura de casos e a apresentação de seminários ajudam (e, porque não dizer, obrigam) o sujeito a estudar, as discussões prévias em sala de aula sempre me pareceram excessivas e bem inúteis.
Aqui, são aulas expositivas com espaço para perguntas etc.
Mas o que me chamou a atenção foi o controle de presença. Antes de cada aula (são três terça de manhã e duas na quinta à noite) a pessoa tem que assinar uma lista que fica na mesinha do lado de fora da sala de aula.
Sabe aquela idéia de que as pessoas são adultas e sabem se cuidar? Aqui não vale.
Quanto à qualidade geral do curso, só o tempo dirá.
E só atualizando: continua tremendo, mas com menos intensidade. O dia do apagão é que foi terrível. Fiquei morrendo de medo de ser um aviso de tremor, mas era só uma sobrecarga biruta.
Depois conto sobre os ETs que previram o terremoto e o tsumani que se seguiu.
Foi divertido, afinal, a vagabundagem já cansou faz tempo. Colocar a massa cinzenta para trabalhar um pouquinho mais faz bem. Atualmente, meus neurônios só se exercitam em atividades como ver filmes e aprender a baixar arquivos no torrent (atividade, na qual – diga-se – sou muito mal sucedida).
Para quem não sabe, estou fazendo diplomado na área de tributação.
Sim, eu sou masoquista, mas não se preocupem. Eu não pretendo fazer um cotejo entre os sistemas brasileiro e chileno.
Se é para fazer algum tipo de comparação, creio que posso fazê-la entre os sistemas de diplomado já que em São Paulo fiz especialização na PUC. Até porque, aqui o diplomado també é oferecido pela Universidad Católica.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato de que o diplomado pode servir como uma prévia para o mestrado. Significa que, se no final do ano, eu decidir partir para um mestrado, posso simplesmente exercer essa opção. Terei nesse caso mais um ano de estudos e os créditos já cursados valem para a obtenção do título.
Além disso, algumas aulas são ministradas pela manhã – o que não é muito comum para os cursos de especialização brasileiros (COGEAE, IBEMEC, GV, etc.), salvo quando o curso é realizado aos sábados.
O nível dos professores, até o presente momento, está muito bom. O modelo é o mesmo adotado no Brasil também (caras com carreira acadêmica que são também “profissionais de sucesso”).
O sistema de aulas é totalmente diferente daquele usado pelos cursos acima, que adotam o sistema maleta de seminários. Se por um lado a leitura de casos e a apresentação de seminários ajudam (e, porque não dizer, obrigam) o sujeito a estudar, as discussões prévias em sala de aula sempre me pareceram excessivas e bem inúteis.
Aqui, são aulas expositivas com espaço para perguntas etc.
Mas o que me chamou a atenção foi o controle de presença. Antes de cada aula (são três terça de manhã e duas na quinta à noite) a pessoa tem que assinar uma lista que fica na mesinha do lado de fora da sala de aula.
Sabe aquela idéia de que as pessoas são adultas e sabem se cuidar? Aqui não vale.
Quanto à qualidade geral do curso, só o tempo dirá.
E só atualizando: continua tremendo, mas com menos intensidade. O dia do apagão é que foi terrível. Fiquei morrendo de medo de ser um aviso de tremor, mas era só uma sobrecarga biruta.
Depois conto sobre os ETs que previram o terremoto e o tsumani que se seguiu.
domingo, 14 de março de 2010
Sem comentários
Esse vídeo é mais ou menos do mesmo tempo da Xuxa só que aqui no Chile.
O Carlos quando escutou a versão original tomou o maior susto: essa música é do Raul Seixas?
O Carlos quando escutou a versão original tomou o maior susto: essa música é do Raul Seixas?
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