terça-feira, 27 de abril de 2010

Casamentos

Uma coisa que posso dizer do chileno é que esse é um povo casamenteiro. Desde que cheguei aqui (há pouco mais de um ano) já fui a 4 casamentos. Dois esse ano (!!!) e dois ano passado.

Fazendo uma comparação: em 2008 fui a dois casamentos (foi animado); 2007 um; 2006 nenhum; e assim por diante. Acho que, em média, um casamento por ano (desde 1990) é uma boa estatística.

Aqui, o povo gosta casar. Agora então que aprovaram o divórcio (a lei de divórcio deve ser de 2006 ou 2007), o povo está casando mais que nunca. De fato, dos 4 casamentos acima mencionados, 3 tinham ou noivo ou noiva ou ambos divorciados.

Em geral, as festas de casamento padrão aqui têm mais ou menos as mesmas coisas que no Brasil. Em suma, é um evento para o qual as pessoas se vestem como se fossem assistir uma ópera no Scala de Milão, mas acabam fazendo a Dança da Manivela. Então vamos às little differences.

1- Número de convidados. Uma festa de casamento bem padrão, tradicional, para 150 pessoas é considerada grande (pelo menos pelo parâmetro das pessoas com quem conversei). Uma festa para 300 pessoas é considerada gigante. Se eu tivesse a idéia maluca de fazer uma festa padrão de casamento no Brasil (e, principalmente, se estivesse no escritório) eu conseguiria juntar 150 pessoas antes de convidar o primeiro amigo pessoal. Fácil, fácil. Fiquei um pouco com a sensação que, se você trabalha num lugar grande e cheio de gente, você não tem muito a obrigação de convidar todo o andar ou coisa do gênero, mas preciso confirmar.

2- Todos os casamentos que presenciei tinham jantar sentado (e a comida sempre esteve boa). Não sei se existe aqui aquele conceito de casamento só com comidinhas para picar enquanto as pessoas circulam de um lado para o outro. Aliás, aqui tem uma coisa que eu só tinha visto em filme americano. Sabem aquelas listas de mesa com indicação de quem senta onde? Então.

3- Música. Aqui existe uma playlist casamento padrão. Uma série específica de músicas latinas(que eu obviamente não conhecia) sempre abre a pista de dança. São músicas que eu só escuto em casamentos e que escutei em todos os casamentos. Depois varia para Rock/Pop/anos 80 e a Dança da Manivela ou É o Tchan (nem o Rebolation nem o Créu chegaram aqui).

4- As igrejas tinham decoração bem mais simples do que normalmente se vê em SP. Nada daquelas cascatas de flores brancas e similares.

5- Em um dos casamentos que eu fui teve performance da noiva e em outro, de uma humorista local. Esse, aliás, foi a coisa mais doida que eu já vi. Era uma velhinha de lencinho na cabeça e cestinha na mão contando piadas num espanhol absolutamente incompreensível (inclusive para outros chilenos) e com uma entonação cadenciada muito esquisita. Passei o tempo todo rindo.

6- Não fui a nenhum bufê (acho que aqui não existe). Os casamentos foram ou em hotéis ou em restaurantes e uma amiga vai a um casamento num clube.

7- Em nenhum lugar eu vi cortarem a gravata do noivo.

8- As noivas não jogam o buque de verdade. Todas arrumam um buquezinho de flores artificiais e jogam, mas essa não é a única simpatia. Antes de cortar o bolo as mulheres solteiras são convidadas a puxar uma fitinha enfiada dentro do bolo. Quem puxar a fitinha com aliança presa na ponta será a próxima a casar. Eu peguei um buque e puxei uma pomba (não sei o que quer dizer).

9- E, por fim, a grande sacada chilena para casamentos. Sopinha na madrugada. Sabe aquela hora, três da madruga, quando está todo mundo começando a dobrar o cabo da boa esperança, já no ponto de ficar muito bêbado, dar vexame e dormir na mesa mesmo? Então, essa é o momento da sopinha. Normalmente é servido numa cumbuca um caldo de frango reforçado com ovo quebrado na água quente, manja? É perfeito.

domingo, 25 de abril de 2010

Prova de que eu não minto

Paul Schaefer - aquele da colônia dignidade - morreu ontem...

O cara era tão ruim, tão ruim que teve o último pedido (ser enterrado na colônia) negado pelos atuais moradores.

Hoje foi enterrado num túmulo sem identificação, provavelmente para evitar a depredação. Aliás, por essa mesma razão, o Pinochet foi cremado. Os caras sabiam, se enterrassem, o túmulo não durava um dia.